Jesus me desiludiu...

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Creio que deva começar esclarecendo meu conceito de desilusão, antes que alguém o interprete desânimo ou decepção. Muito pelo contrário! Na verdade, um melhor conceito de desilusão seria o fracasso da ilusão, ou seja, a libertação de um estado de ilusão. Neste sentido eu diria que a desilusão é sempre benéfica. Jesus disse: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8.32). O conhecimento de Cristo nos desilude - rompe as trevas de nossas ilusões - e nos faz ver a realidade tal como ela é. O problema relacionado à desilusão é a reação do desiludido em face da mesma. A minha é de felicidade e, por isso, gostaria de compartilha-la com você.

Estou feliz porque a Verdade dissipou minha ilusão de ser um super-homem espiritual e me fez compreender a dupla realidade a respeito de mim mesmo: santo e pecador. Pecador porque do crivo de Deus ninguém escapa (Rm 3.23; 6.23) e santo, única e exclusivamente por causa da Obra de Jesus Cristo na Cruz do Calvário que, segundo a palavra da Verdade, me santificou (Hb 13.12). Essa realidade me colocou aos pés de Cristo para sempre e também me libertou de toda ilusão a respeito de meus próprios esforços no sentido de alcançar a salvação (Is 64.6; Efésios 2.1-6).

Estou feliz por que a Verdade destruiu minha ilusão de tentar descobrir MEU dom espiritual e também da ilusão de acreditar que pudesse possuir algum. A Palavra humildemente me disse que os dons são “DO ESPÍRITO SANTO” e não meus. Assim posso me contentar e me alegrar pela honra de ser um mero instrumento usado pelo Espírito de Deus para os fins escolhidos por Ele mesmo, e na hora que Ele quer (I Coríntios 12).

Estou feliz por que a Verdade implodiu minha ilusão de sumo-sacerdócio, achando que podia - e devia - ficar consagrando tudo à Ele - desde o Brasil, os dias da semana, até a natureza e os objetos de uso pessoal. A Palavra me disse gentilmente que TUDO já é Dele, é por meio Dele e é para Ele. É por isso que a glória é Dele. "Quem primeiro deu a Ele, para que lhe venha ser restituído?" (Rm 11.35).

Estou feliz por que a Verdade me libertou da ilusão do sobrenatural - daquela necessidade de ver coisas extraordinárias acontecendo para continuar acreditando em Deus. A Palavra me diz que Deus criou todas as coisas e que tudo o que vejo ao meu redor é um constante milagre, uma obra de arte constantemente pintada pelo Grande Artista (Gênesis 1; Salmo 104; Romanos 11.36), de forma que as coisas mais simples que vejo hoje - desde a florzinha que nasce na calçada ao sorriso de uma criança - têm o incontestável poder de me encantar com meu Criador.

Estou feliz porque a Palavra destruiu minha ilusão de encontrar em um modelo judaico, americano ou australiano, uma melhor forma de adorar a Deus. Jesus Cristo santificou minha oferta diante de Deus e traduziu o meu jeito “esquisito” de ser, meu estilo, minha cultura e até meu Rock and Roll em incenso de cheiro suave e agradável às Suas narinas (Romanos 15.16). Juntamente com isso a Palavra me fez entender que santidade não é sinônimo de cultura, usos e costumes, mas é o fruto da obra de Jesus Cristo em cada área da vida daquele que Nele acredita.

Estou feliz por que a verdade me libertou da ilusão de viver preocupado com a manutenção de minha salvação, como se dependesse de mim ser, não ser ou continuar sendo salvo. A Palavra de Deus gentilmente me mostrou que não sou eu quem sustenta minha salvação, mas somente Deus. Ele iniciou o processo e o completará com êxito (João 10.28; Romanos 8.30; 9.16).

Juntamente com isso, fui liberto da ilusão de correr desesperadamente atrás de dinheiro na esperança de prover minhas necessidades mais básicas: comer e me vestir. Jesus me disse que Deus é quem providencia, de graça, vestes e alimentos a seres que, além de valerem muito menos que os seres humanos para Deus, nem trabalham, nem tecem, nem semeiam, nem ceifam e nem ajuntam em celeiros (Mateus 6.25-33). Isso não foi para mim uma desculpa para não trabalhar, mas, pelo contrário, re-signifiquei minha compreensão sobre o trabalho. Todo trabalho é para a glória de Deus, por isso devo fazer bem feito (I Co 10.31). No entanto, independentemente do salário, Deus é meu provedor - por meio de meu salário, de meu emprego ou por meio de quaisquer outras fontes que Ele queira usar para providenciar o que for preciso.

Alguns acham que minha fé se enfraqueceu. Se por fé estão entendendo aquele frenesi dominical de jogar todo mundo no chão e me retorcer emotivamente ao som de um mantra gospel, felizmente sim. Estou desiludido disso tudo! Mas se por fé estamos falando da convicção de fatos que não se veem e da certeza das coisas que se esperam (Hb 11.1), aí sim! Na verdade a minha está agora muito mais sólida, muito mais bíblica, muito mais racional. E não posso deixar de dizer que minha razão também está muito mais crente - Hehehehehehe.

Não estou perfeito. Graças a Deus, disso nunca me iludi.

A verdade é que, como diz um poeta mineiro, “estou em obras" e "esta morada um dia será perfeição”. Fique com essa maravilhosa canção, seja desiludido por Jesus Cristo e viva feliz para sempre com Ele!

Soli Deo Gloria.

J.M.S.Jr.

Publicada originalmente em 29 de novembro de 2012 no Blog "Estou em Obras". Editada em 07 de março de 2016.
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